Isabel Bandeira de Mello Rilvas nasceu em 1935
em Lisboa e foi quem lançou a ideia em Portugal de um corpo de enfermeiras pára-quedistas que pudesse ser útil tanto na metrópole como no Ultramar.
Em 1955 parte para França para tirar um curso de pára-quedismo onde contacta com as enfermeiras pára-quedistas da Cruz Vermelha Francesa, despertando-lhe o sonho de uma formação deste tipo em Portugal. Ao regressar a Portugal, Isabel Rilvas tentou suscitar o interessa da Direcção Geral da Aeronáutica Civil na criação de um corpo semelhante, mas não sucesso. Voltou-se então para as entidades militares, falando com o Subsecretário de Estado da Aeronáutica, o então tenente-coronel Kaúlza de Arriaga. Embora mostrando algum interesse, o Subsecretario de estado da Aeronáutica estava mais empenhado na altura no projecto de reorganização da Força Aérea que considerava prioritário. No entanto após uma visita que fez a Angola em Abril / Maio de 1961, Kaúlza de Arriaga apercebeu-se das enormes carências que existiam naquele território a nível sanitário, havendo uma incapacidade geral de enfermagem para assistência ao volume de feridos resultantes das acções de guerrilha levadas a cabo pelos elementos dos movimentos nacionalistas angolanos. Ao chegar a Lisboa, Kaúlza de Arriaga decidiu construir um corpo de enfermeiras pára-quedistas no seio da Força Aérea que iriam participar no auxílio a quem sofre, pois as mulheres eram consideradas detentoras de qualidades inatas essenciais: o cuidado, a generosidade, e a delicadeza na abordagem dos feridos, não podendo ser, por isso, substituídas por homens, até porque, na época a enfermagem era uma profissão essencialmente feminina. Portugal ia tornar-se assim, no segundo país do mundo, após a França, a possuir uma estrutura devidamente organizada de enfermeiras pára-quedistas para assistência às vítimas da guerra. Vencidas as dificuldades iniciais decorrentes da falta de tradição da existência de mulheres nas Forças Armadas, conjugada com a resistência que certos sectores militares mais retrógrados opunham ao projecto, Kaúlza de Arriaga conseguiu convencer o Presidente do Conselho de Ministros, Dr. Oliveira Salazar, a assinar a legislação necessária à constituição do quadro. Lançadas as acções de divulgação junta da Escola de Enfermagem das Franciscanas Missionarias de Maria e Escola de Enfermagem S. Vicente de Paulo, aceitam o convite para a frequência do 1º curso de Enfermeiras pára-quedistas (que tinha 21 lugares – 9 oficiais e 12 sargentos) 10 antigas alunas da primeira escola e uma da segunda. Para serem admitidas no curso de formação, as candidatas deviam ter idade compreendida entre os 18 e os 30 anos, serem solteiras ou viúvas sem filhos, e para além disso tinham que ter boa formação moral, profissional e religiosa.
Em 1955 parte para França para tirar um curso de pára-quedismo onde contacta com as enfermeiras pára-quedistas da Cruz Vermelha Francesa, despertando-lhe o sonho de uma formação deste tipo em Portugal. Ao regressar a Portugal, Isabel Rilvas tentou suscitar o interessa da Direcção Geral da Aeronáutica Civil na criação de um corpo semelhante, mas não sucesso. Voltou-se então para as entidades militares, falando com o Subsecretário de Estado da Aeronáutica, o então tenente-coronel Kaúlza de Arriaga. Embora mostrando algum interesse, o Subsecretario de estado da Aeronáutica estava mais empenhado na altura no projecto de reorganização da Força Aérea que considerava prioritário. No entanto após uma visita que fez a Angola em Abril / Maio de 1961, Kaúlza de Arriaga apercebeu-se das enormes carências que existiam naquele território a nível sanitário, havendo uma incapacidade geral de enfermagem para assistência ao volume de feridos resultantes das acções de guerrilha levadas a cabo pelos elementos dos movimentos nacionalistas angolanos. Ao chegar a Lisboa, Kaúlza de Arriaga decidiu construir um corpo de enfermeiras pára-quedistas no seio da Força Aérea que iriam participar no auxílio a quem sofre, pois as mulheres eram consideradas detentoras de qualidades inatas essenciais: o cuidado, a generosidade, e a delicadeza na abordagem dos feridos, não podendo ser, por isso, substituídas por homens, até porque, na época a enfermagem era uma profissão essencialmente feminina. Portugal ia tornar-se assim, no segundo país do mundo, após a França, a possuir uma estrutura devidamente organizada de enfermeiras pára-quedistas para assistência às vítimas da guerra. Vencidas as dificuldades iniciais decorrentes da falta de tradição da existência de mulheres nas Forças Armadas, conjugada com a resistência que certos sectores militares mais retrógrados opunham ao projecto, Kaúlza de Arriaga conseguiu convencer o Presidente do Conselho de Ministros, Dr. Oliveira Salazar, a assinar a legislação necessária à constituição do quadro. Lançadas as acções de divulgação junta da Escola de Enfermagem das Franciscanas Missionarias de Maria e Escola de Enfermagem S. Vicente de Paulo, aceitam o convite para a frequência do 1º curso de Enfermeiras pára-quedistas (que tinha 21 lugares – 9 oficiais e 12 sargentos) 10 antigas alunas da primeira escola e uma da segunda. Para serem admitidas no curso de formação, as candidatas deviam ter idade compreendida entre os 18 e os 30 anos, serem solteiras ou viúvas sem filhos, e para além disso tinham que ter boa formação moral, profissional e religiosa.
A
6 de Junho de 1961 o corpo de enfermeiras pára-quedistas iniciava em Tancos a
instrução técnica e física para o pára-quedismo e uma forte preparação militar
e conhecimentos de ordem geral, para poderem ser integradas na respectiva hierarquia
- entre outros também tiveram instrução de tiro e em África receberam armas
que, no entanto, jamais foram utilizadas.
A
8 de Agosto do mesmo ano, concluía-se o 1º curso de enfermeiras pára-quedistas.
Apenas 6 mulheres conseguiram finalizar o curso e foram chamadas de “As seis
Marias". A seis Marias receberam em Tancos a Boina Verde e o Brevet de
Pára-quedismo, sendo graduadas na patente de Alferes.
Entre
1961 e 1974 realizaram-se nove cursos de oito semanas nos quais, das 126
candidatas foram brevetadas 46, destas, apenas 4 não foram empenhadas em
missões da sua especialidade nos vários teatros de operações africanos. No
termo da contenda 16 enfermeiras continuavam em serviço activo, passando pouco
depois à disponibilidade. Estas enfermeiras venceram todos os desafios que lhes
foram propostos, com um espírito de missão, abnegação e coragem inexcedível tornando-se num dos mais dignificantes símbolos das tropas pára-quedista portuguesas.
Estas
mulheres participaram em arriscadas missões de assistência e transporte de
feridos desde as zonas de combate até um hospital. Atendiam não só militares
portugueses feridos em combate como também doentes civis e mesmo prisioneiros,
inimigos que necessitavam urgentes cuidados médicos, acompanhavam os feridos de
guerra, doentes, familiares e crianças, tendo estado debaixo de fogo com muita
frequência.
Efectuaram
centenas de evacuações aéreas entre as ex-Províncias Ultramarinas e a
Metrópole, dentro do próprio território africano para os hospitais e também de
Goa e de Timor. Em Dezembro de 1961 colaboraram no transporte por via
aérea, desde Karachi a Lisboa, de mulheres e crianças fugidas de Goa na
iminência da invasão indiana da província.
Trabalharam no Hospital Militar Principal, Hospital da Força Aérea na ilha Terceira nos Açores, e quando este foi extinto, no Hospital da Força Aérea em Lisboa, nos Hospitais de Luanda, Lourenço Marques, Nampula, Guiné e nos postos médicos das tropas pára-quedistas, das Bases Aéreas, nas respectivas Províncias e na Metrópole. A sua acção era prestada aos três Ramos das Forças Armadas, bem como aos civis.
Trabalharam no Hospital Militar Principal, Hospital da Força Aérea na ilha Terceira nos Açores, e quando este foi extinto, no Hospital da Força Aérea em Lisboa, nos Hospitais de Luanda, Lourenço Marques, Nampula, Guiné e nos postos médicos das tropas pára-quedistas, das Bases Aéreas, nas respectivas Províncias e na Metrópole. A sua acção era prestada aos três Ramos das Forças Armadas, bem como aos civis.
Nas
bases aéreas encontrava-se sempre de serviço, do alvorecer ao pôr-do-sol, uma
enfermeira pronta a partir de imediato para uma evacuação. Evacuações por helicóptero ou avião da área
de operações para hospitais militares revelavam-se com frequência altamente
perigosas, já que as aeronaves a baixa altitude ou pousadas em terra
constituíam um alvo fácil para os guerrilheiros.
O
último curso de enfermeiras pára-quedistas teve lugar em 1974. No ano
seguinte as enfermeiras regressaram a Portugal e foram destacadas para
serviços de saúde da Força Aérea. Mas em Agosto e Setembro de 76, estas
enfermeiras tiveram a sua última missão, participando em acções de evacuação de
civis, de Timor para Lisboa.
Em
1980, é publicada a legislação que determina a extinção progressiva do quadro
de pessoal especializado em pára-quedismo equiparada a militar. Os oficiais e
sargentos graduados enfermeiros pára-quedistas em serviço efectivo podiam,
desde que o requeressem, transitar para a categoria de pessoal militar
permanente. Em Janeiro de 94, abria-se um novo capítulo para as tropas
pára-quedistas portuguesas, extinguindo-se o corpo de tropas pára-quedistas e
criando-se, no exército, o Comando das Tropas Aerotransportadas e a Brigada
Aerotransportada Permanente.
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