Durante
o séc. XVIII, eram frequentes os abusos praticados pelos enfermeiros e
ajudantes do Hospital Real de Todos os Santos (HRTS).
Frequentemente, os enfermeiros e
ajudantes fugiam de noite pelos telhados, abandonando os doentes, ou passavam o
tempo a jogar às cartas e a tocar instrumentos musicais;
Era igualmente vulgar ficarem com o
espólio dos doentes que morriam; o vestuário era concertado e vendido ou
utilizado pelos enfermeiros e ajudantes;
Levar amigos para jantar e almoçar nos
hospitais elevando as despesas dos mesmos para valores exuberantes.
À semelhança do que acontecia em
outros países da Europa como a Noruega, a falta de enfermeiros diplomados nos
hospitais e os insuficientes meios de resposta dos hospitais, levaram à criação
de curtos programas de formação para auxiliares de enfermagem, habilitados a
cuidar dos doentes.
Em 1947 é criada a figura da auxiliar de enfermagem. Tinha a
duração de um ano de ensino teórico e teórico prático, seguido de 6 meses de
estágio em hospital. As habilitações mínimas eram instrução primária (exame da
4ª classe). Eram ministrados em várias escolas entre elas a Escola Superior de
Enfermagem Artur Ravara, Escola de Enfermagem de Castelo Branco Dr. Lopes Dias
e a Escola de Educação Doméstica (tele-escola) na qual se formaram apenas 11
auxiliares de enfermagem.
Em
Portugal, entre 1965 e 1974, o número de auxiliares de enfermagem que se
formavam anualmente era cinco vezes superior ao número de
enfermeiros com o curso geral.
Na sua grande maioria os auxiliares de
enfermagem, antes do 25 de Abril de 1974, substituíam na prática os
enfermeiros, uma vez que os poucos enfermeiros diplomados existentes ocupavam
os cargos de chefia. Este tipo de situações era vulgar nomeadamente nos
hospitais e nos serviços médico-sociais da Previdência.
Apesar
dos auxiliares executarem as mesmas funções que os enfermeiros não beneficiavam
dos mesmo estatutos a nível de:
- Reconhecimento
formal das suas competências;
- Salário;
- Oportunidade
de formação profissional e progressão na carreira.
Esta situação acabou por originar um
movimento reivindicativo.
Em 1975 foi criado um curso de promoção de auxiliares de enfermagem em 1975
com a duração de 1 ano.
O aumento da pressão
sindical com a Revolução do 25 de Abril de 1974 criou uma conjuntura
favorável às reivindicações igualitárias; o Curso de auxiliares de enfermagem
acabou por ser extinto, tendo os auxiliares, com três anos de serviço no
mínimo, sido promovidos ou integrados na carreira de enfermagem (como
enfermeiros de 3ª classe).
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