O QUE É A
STREPTOCOCCUS B?
Streptococcus grupo B (STB), também chamado de Streptococcus
agalactiae, é uma bactéria comum nas regiões vaginal, intestinal e
retal das mulheres, podendo causar complicações em mulheres grávidas e ser
transmitido ao recém nascido.
Algumas grávidas apresentam
colonização da urina pela bactéria STB,
podendo provocar cistite (infeção bacteriana da bexiga). A
bacteriúria assintomática acarreta riscos de potenciais complicações na
gestação, como, parto prematuro, aborto e contaminação do líquido amniótico.
A infeção da bolsa de água, conhecida
por corioamnionite, é uma invasão bacteriana do líquido amniótico, membranas
fetais ou placenta. Os sinais e sintomas incluem febre, dor no útero, aumento
da frequência cardíaca fetal e presença de prurido no líquido amniótico. A
infeção ocorre geralmente durante a rotura da bolsa no início do trabalho de
parto. Trabalhos de parto prolongados ou casos de rotura prematura da bolsa, acarretam
maior risco.
A infeção da parede do útero, chamada
de endometrite, é uma complicação que pode ocorrer após o parto, havendo dor
abdominal, febre e sangramento.
Apesar dos riscos da mãe desenvolver
complicações pelo STB, a grande preocupação
é a contaminação do recém nascido, uma vez que é para este que a bactérias traz
graves complicações.
Nos recém nascidos, a infeção pelo STB pode ocorrer no útero, por ingestão do
líquido amniótico, ou durante a passagem pela canal vaginal. No útero, o maior
risco é o de aspirar líquido amniótico e adquirir pneumonia neonatal com
bacteriemia, levando a um possível choque séptico.
As complicações derivadas da infeção
neonatal podem ocorrer precocemente, nas primeiras horas de vida, ou
tardiamente, semanas após o nascimento.
No recém nascido, há menores
quantidades de macrófagos alveolares, proteínas do complemento e, em adição, os
fatores de virulência dificultam a fagocitose pelos macrófagos, facilitando a
disseminação da bactéria pelo organismo.
A infeção precoce ocorre na primeira semana
de vida, habitualmente nas primeiras 72h, manifestando-se através de um quadro de
pneumonia, meningite ou sépsis, que se traduz por uma síndrome clínica de
doença sistémica com bacteriémia no primeiro mês de vida. Febre, dificuldade
para mamar e dificuldades respiratórias são os sintomas mais frequentes.
Podendo ocorrer crises convulsivas, fraqueza ou rigidez muscular. Este tipo de
infeção é adquirida por transmissão vertical, associada à imaturidade dos
mecanismos de defesa do hospedeiro.
A
infeção tardia ocorre após a primeira semana de vida. Sépsis e meningite são
mais comuns.
Pode
ocorrer morte fetal a qualquer momento da gravidez. Nas infeções intra uterinas
e nas de início precoce, a inflamação pulmonar caracteriza-se por exsudados neutrofílicos
ou alveolares, congestão vascular, edemas e graus variados de hemorragia
pulmonar.
DIAGNÓSTICO
Nos recém nascidos, a colheita é
realizada imediatamente após o nascimento, no cordão umbilical, canal auditivo
externo, garganta e reto. No que toca ao exame de sangue, o número de
leucócitos séricos pode estar normal durante a fase inicial, alterando de valor
no intervalo de tempo entre as 8 e as 24 horas de vida. A presença de
leucocitose ou leucopenia traduzem sinais de infeção. A concentração de
proteína C reativa (PCR) e citocina IL-6 aumentam na presença de infeção, sendo
que usar ambos os marcadores é mais preciso para o diagnóstico.
A identificação dá-se pelo teste de
CAMP, ou seja, o STB produz o fator CAMP que tem ação hemolítica, resultando na
formação de áreas com hemólise sinérgica. Para o diagnóstico definitivo, é
realizada a sorologia com antissoro específico para a identificação do antígeno
do grupo B.
FATORES DE RISCO
São
consideradas grávidas de alto risco para transmissão de STB:
·
Trabalho
de parto antes de 37 semanas de gestação;
·
Gestação
a termo com bolsa rota, com trabalho de parto superior a 18h;
·
Febre
durante o trabalho de parto;
·
Infeção
fetal por STB em gestação anterior;
·
Infeção
do trato urinário por STB presente ou passada;
·
Raça
negra.
Quesa 50% dos parceiros sexuais de
mulheres colonizadas são positivos para STB, sendo esta uma evidência de
transmissão sexual.
TRATAMENTO
Para impedir a infeção neonatal pelo STB
é importante que a bactéria seja identificada e tratada antes do trabalho de
parto. Durante a gravidez, toda a gestante é submetida a um exame de urocultura.
Entre a 35ª e a 37ª semanas de
gestação é realizado o exame do cotonete, que
consiste na obtenção de material da vagina e do ânus. Não é recomendado banho
ou higiene íntima antes da coleta.
Estando colonizada pelo STB, a grávida será submetida à
administração de antibiótico durante o parto para impedir a transmissão. O
antibiótico é administrado por via endovenosa durante o trabalho de parto. Os
dois mais usados são a penicilina ou a ampicilina, que devem ser administradas
a cada 4 horas até o nascimento do bebé. A clindamicina é recomendada para mães
alérgicas a penicilina.
O tratamento com antibióticos não
precisa ser feito se o parto for cesariano e se não houver rompimento da bolsa
de água. Neste caso, não há risco das bactérias presentes no canal vaginal
chegarem ao recém nascido.
Para concluir, penso que seja importante deixar esta ideia:
A
taxa de mortalidade neonatal por infeção da bactéria STB varia entre os 5% e 15%, sendo mais afetados lactentes
com baixo peso ao nascer e nos que apresentam choque séptico. Pode também ser
devido a um início de terapia antimicrobiana tardia.
No
entanto, com s novos conhecimentos que se vão adquirindo a respeito da
bactérias e tratamentos associados, a percentagem de incidência e mortalidade
tem vindo a diminuir.
Apesar
de ser prejudicial para o bebé mais do que para a mãe, não devemos descurar os
cuidados desta, visto que complicações decorrentes da infeção podem ir surgindo
mesmo após o parto.
Um
bom rastreio a todas as gestantes, com especial atenção aos grupos e fatores de
risco, é fundamental para controlar a bactéria e garantir que a infeção é
travada a tempo de não afetar nem a mãe nem o feto ou recém nascido.
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