Tubo
digestivo: É um tubo longo musculoso e membranoso que se estende da
cavidade bucal até ao ânus, e comunica com o exterior através da cavidade bucal
e do ânus. É no seu interior que os alimentos são transformados e assimilados.
Glândulas Anexas: As glândulas anexas são formações cujos canais excretores se vão abrir
no tubo digestivo. Existem interparietais que se localizam na própria espessura
da parede do tubo digestivo, ao longo do seu trajeto, e extra parietais que se
localizam fora da parede do tubo digestivo.
Glândulas anexas:
·Glândulas
Salivares
üParótidas
üSubmaxilares
üSublinguais
·Pâncreas
·Fígado
·Vesícula Biliar
Funções e processos do Aparelho Digestivo:
Ingestão: Consiste
na introdução de alimentos no estômago; Normalmente a ingestão é feita através
da cavidade bucal; Os alimentos podem ser introduzidos diretamente no estômago
através de uma sonda nasogástrica ou gástrica;
Mastigação: Processo
pelo qual os alimentos introduzidos na boca são triturados pelos dentes; Para
que as enzimas possam atuar na superfície dos alimentos, e para um normal
funcionamento digestivo é essencial que os alimentos sólidos sejam fracionados
mecanicamente, pois as enzimas não penetram com facilidade as partículas
alimentares sólidas; A mastigação fraciona os alimentos em partículas de
menores dimensões;
Propulsão: Consiste
no movimento dos alimentos de um extremo ao outro do tubo digestivo;
Os alimentos demoram aproximadamente 24-36 horas a
percorrer o tubo digestivo; Cada segmento do tubo digestivo está especializado
em promover o movimento do seu conteúdo da cavidade oral ao ânus;
·
Os tipos de
movimentos:
ü
Deglutição
ü
Movimentos peristálticos ou
Peristaltismo – Responsável pela
progressão do conteúdo ao longo da maior parte do tubo digestivo. As contrações
musculares geram ondas peristálticas composta por uma onda de relaxamento dos músculos circulares que geram uma onda de distensão que precede o bolo
alimentar, e uma onda de contração muito forte dos músculos circulares que se
sucede ao bolo alimentar, obrigando à sua progressão ao longo do tubo
digestivo. Cada onda peristáltica percorre todo o esófago em 10 segundos, e no
intestino delgado, as ondas têm percursos curtos.
ü
Movimentos de massa – Contrações do intestino grosso que promovem movimentos
do conteúdo maiores do que nos movimentos peristálticos.
Mistura: Algumas contrações não propulsionam os
alimentos (quimo), mas movimentam-se nos dois sentidos, de modo a misturá-los
com as secreções digestivas e fracioná-los em fragmentos menores. Também
existem contrações segmentares que ocorrem no intestino delgado.
Secreção: Consiste
na mistura dos alimentos nas secreções que lubrificam, liquefazem e digerem os
alimentos.
· As secreções são constituídas por:
ü
Muco: Lubrifica os alimentos e a mucosa do tubo digestivo,
reveste e protege as células epiteliais da abrasão mecânica, dos efeitos
nocivos do ácido do estômago e das enzimas digestivas.
ü
Água: Liquefaz os alimentos, tornando-os mais fáceis de
digerir e absorver. A água penetra no intestino também por osmose.
ü Enzimas: Segregadas
na cavidade oral, estômago, intestino e pâncreas que fracionam os alimentos em
pequenas moléculas que podem ser absorvidas pela parede intestinal.
Digestão: Consiste
no desdobramento das grandes moléculas orgânicas, glícidos em monossacáridos,
proteínas em aminoácidos e triglicéridos em ácidos gordos e glicerol. Divide-se
em digestão mecânica que envolve a mastigação e a mistura dos alimentos, e a
digestão química é realizada pelas enzimas digestivas segregadas ao longo do
tubo digestivo. As moléculas grandes necessitam de ser desdobradas para que os
seus componentes possam ser absorvidos pelo tubo digestivo. As vitaminas,
minerais e a água não são desdobrados nos seus componentes antes de serem
absorvidos, pois a modificação da sua estrutura determina a perda da sua
função.
Absorção: Movimento
de moléculas do tubo digestivo para a circulação sanguínea ou linfática. O
mecanismo de absorção depende do tipo de moléculas envolvidas. As moléculas
movimentam-se por difusão simples, difusão facilitada, transporte ativo ou
co-transporte.
Eliminação: É
o processo através do qual os resíduos da digestão (catabolitos) são removidos
do organismo. No intestino grosso a água e os sais são absorvidos o material
líquido passa a semi-sólido. Estes resíduos semi-sólidos, as fezes, são
eliminados pela defecação.
Mucosa: É a
túnica mais interna, e é composta por três camadas:
Epitélio mucoso interno (unicelular), estratificado pavimentoso na boca,
orofaringe, esófago e canal anal e é cilíndrico simples no resto do tubo
digestivo.
Lâmina própria (multicelular),
que é uma camada de tecido conjuntivo laxo.
Mucosa muscular (multicelular
no exterior do tubo digestivo), que é uma camada fina e externa de músculo
liso.
Submucosa: Encontra
abaixo da mucosa e é formada por uma camada espessa de tecido conjuntivo que
contém nervos, vasos sanguíneos e pequenas glândulas.
Muscular: É
constituída por um músculo liso que se dispõe uma camada interna circular e uma
camada externa longitudinal. Constitui a parte superior do esófago onde o
músculo é estriado, e no estômago existem três camadas de músculo liso. Entre
as duas camadas desta túnica muscular encontra-se um outro plexo nervoso
denominado plexo Mionentérico que é constituído por axónios e pericários
diversos. Este plexo submucoso e mientérico formam o plexo intramural ou
entérico, que desempenha um papel muito importante na regulação do movimento e
da atividade secretora.
Serosa ou Adventícia: formada por uma camada de tecido conjuntivo denominada,
consoante a sua estrutura. As porções do tubo digestivo que produzem para a
cavidade peritoneal apresentam uma camada mais externa serosa que constitui o
peritoneu visceral, uma fina camada de tecido conjuntivo e epitélio pavimentoso
simples. Quando a camada mais externa tem origem do tecido conjuntivo adjacente
é denominada de túnica Adventícia que consiste num revestimento de tecido
conjuntivo que se junta com o tecido conjuntivo circundante.
Cavidade Bucal delimitada
anteriormente pelos lábios, posteriormente pela fauce (orofaringe, garganta, e
abertura para a faringe), lateralmente pela bochecha, superiormente pelo
palato, e inferiormente por um pavimento muscular. Está dividida em duas
regiões a primeira é o vestíbulo que é a entrada da boca e o espaço entre os
lábios ou bochecha e os alvéolos dentários, a segunda região é a cavidade oral
propriamente dita que se situa medialmente aos alvéolos dentários. A cavidade
oral é revestida por espitélio pavimentoso estratificado que a protege de
abrasão.
Dependências da Cavidade Bucal
Língua: É um
grande órgão muscular e móvel que ocupa a maior parte da cavidade oral quando a
boca está fechada, constituída por epitélio pavimentoso estratificado, um
esqueleto osteo-fibroso (osso hióide, membrana glosso-hioideia e septo
lingual), vários músculos e por uma mucosa de revestimento. Localiza-se entre
as arcadas dentárias. Está ligada à cavidade oral pela parte posterior, a sua
parte anterior é relativamente livre, estando ligada ao pavimento da boca por
uma prega fina de tecido denominada de Freio. Os músculos da língua dividem-se
em duas categorias: músculos intrínsecos contidos na língua o longitudinal,
transverso e vertical que são os grandes responsáveis pelas mudanças de formas
da língua, os músculos extrínsecos que estão externamente à língua mas ligados
a ela como o genoglosso, hioglosso, estiloglosso e palatoglosso que permitem a
protusão e retracção da língua, a sua movimentação lateral e modificações de
forma. A língua divide-se em duas partes por um sulco designado de sulco
terminal, a parte anterior ao sulco está coberta por papilas algumas das quais
com recetores gustativos. O terço posterior da língua é desprovido de papilas,
com apenas alguns terminais gustativos dispersos, tema ao invés pequenas
glândulas e um grande
aglomerado de tecido linfóide, a amígdala lingual. A
língua mistura os alimentos na boca em conjunto com os lábios e as gengivas e
mantêm os alimentos posicionados durante a mastigação.
Dentes: A
boca de indivíduo adulto têm 32 dentes, que estão distribuídos em duas arcadas
dentarias uma maxilar e ou outra mandibular. A distribuição dos dentes é
simétrica nas metades direita e esquerda de cada arcada, existindo quatro.
Cada
quadrante tem a seguinte composição: Um incisivo central e um lateral; Um
canino; primeiro e segundo pré- molares; primeiro, segundo e terceiro molares,
dentes do siso.
Constituição dos dentes: coroa com uma ou mais
cúspides, um colo, e uma raiz.
ü
A coroa clínica corresponde à porção do
dente visível na cavidade oral.
ü
Coroa anatómica corresponde à porção do
dente revestida por esmalte.
ü
Cavidade pulpar encontra-se no interior
do dente e é preenchido por com vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo,
constituindo a pulpa, é circundada por tecido vivo, celular e calcificado a
dentina.
ü
Canal Radicular é a porção da cavidade
que penetra na raiz.
ü
buraco apical é o orifício por onde saem
e penetram os vasos sanguíneos e os nervos.
ü
A dentina da coroa do dente é revestida
por uma substância dura, acelular e sem vida, o esmalte, que protege os dentes
da abrasão e dos ácidos produzidos pelas bactérias da boca.
ü
O cimento é uma substância celular
semelhante ao osso que ajuda a fixar o dente ao maxilar e encontra-se envolvido
na superfície da dentina.
ü
Os dentes estão embutidos nos alvéolos ao
longo dos processos da maxila e da mandíbula, cobertos por tecido conjuntivo
fibroso denso e por epitélio pavimentoso estratificado, constituindo a gengiva.
Os dentes estão ancorados nos alvéolos pelos ligamentos peridontais.
ü
Os dentes desempenham um papel importante
na mastigação e na fala
Lábios e Bochechas: lábios são pregas musculares formadas pelo músculo orbicular dos lábios
e também uma camada submucosa constituída por tecido conjuntivo onde se
encontram as glândulas labiais. A superfície externa dos lábios é coberta por
pele. O epitélio queratinizado da pele no bordos dos lábios é bastante fino e
não tão queratinizado quando o da pele circundante. Os vasos sanguíneos
conferem aos lábios uma coloração dependendo da sua pigmentação. A margem
interna é revestida por epitélio que continua com o epitélio pavimentoso
estratificado da mucosa da cavidade oral. A partir dos alvéolos dentários, dos
maxilares prolongam-se um ou mais freios que são pregas mucosas em direção aos
lábios.
As bochechas formam as paredes laterais da cavidade
oral e são constituídas por uma mucosa de epitélio pavimentoso estratificado e
uma camada de pele, músculo bucinador que achata contra os dentes, e pela
almofada adiposa da bochecha que faz arredondar o perfil da face.
Importantes
nos processos de mastigação e fala, pois auxiliam a manipulação dos alimentos
dentro da boca, mantendo-os posicionados enquanto os dentes os trituram.
Palato e Amígdalas Palatinas: consiste em duas partes uma óssea anterior designada
palato duro e outra não óssea designada de palato mole ou véu palatino
constituído por músculo-esquelético e tecido conjuntivo. A úvula é uma projeção
do bordo posterior do palato mole. Importante no processo da deglutição
impedindo a passagem dos alimentos para a cavidade nasal. As amígdalas
palatinas estão localizadas nas paredes laterais da orofaringe, estão em número
de duas e ocupam as fossas amigdalinas, apresentando a forma de amêndoas.
Principais funções da Cavidade oral
Mastigação Os
alimentos introduzidos na boca são mastigados pelos dentes. A principal função
dos dentes anteriores, os incisivos e os caninos é cortar e rasgar os
alimentos, a função dos pré-molares e dos molares é esmagá-los e triturá-los.
Durante o processo de mastigação os alimentos são fracionados, aumentando a sua
superfície. O mascar envolve elevação da mandíbula e a excursão mediana e
lateral da mandíbula. Os movimentos dos maxilares estão dependentes de quatro
pares de músculos que são os temporais, os masseteres, pterigoideus internos
que cerram os maxilares e os pterigoideus externos que abrem os maxilares. A
protusão e o deslocamento lateral do maxilar inferior são realizados pela ação
dos músculos pterigoideus internos e externos e pelos masseteres, a retração é
realizada pelos temporais.
Os movimentos da mastigação são controlados por um
reflexo bulbar. A presença de alimentos na boca estimula os recetores
sensoriais que ativam o relaxamento dos músculos da mastigação. Quando se dá o
abaixamento do maxilar inferior há estiramento dos músculos o que desencadeia um
reflexo que provoca a contração dos músculos da mastigação. As vias ascendentes
do cérebro influenciam bastante a atividade do reflexo da mastigação que esta
pode ser iniciada ou cessada voluntariamente.
Faringe É um
órgão músculo-membranoso, que se estende verticalmente adiante da coluna
cervical, atrás das fossas nasais, da cavidade bucal e da laringe,
continuando-se depois com o esófago. A faringe pertence simultaneamente às vias
aéreas e às vias digestivas e é constituída pela nasofaringe, orofaringe,
laringofaringe. É constituída pela mucosa, pela aponevrosa faríngea, pelos
músculos da faringe e pela aponevrose perifaríngea. As partes constituintes da
faringe que pertencem ao aparelho digestivo são a orofaringe e a laringofaringe
porque normalmente os alimentos só passam por estas duas partes. A orofaringe
comunica superiormente com a nasofaringe e inferiormente com a laringe e
laringofaringe e anteriormente com a boca. A laringofaringe estende-se da
orofaringe ao esófago e é posterior à laringe. As paredes posteriores da
orofaringe e da laringofaringe são constituídas por três músculos os
constritores da faringe superior, médio e inferior que encaixam uns nos outros
como três vasos de flores empilhados. A orofaringe e laringofaringe estão
revestidas por epitélio pavimentoso estratificado e a nasofaringe por epitélio
cilíndrico ciliado pseudostratificado.
Glândulas salivares Há três pares de grandes glândulas multicelulares: as
parótidas, as submandibulares e as sublinguais. Para além destes grandes
agregados de tecido glandular, existem muitas glândulas tubulares enoveladas
localizadas abaixo do epitélio da língua (glândulas linguais), do palato
(glândulas palatinas), região jugal (glândulas bucais) e lábios (glândulas
labiais). As secreções destas glândulas ajudam a manter a cavidade oral húmida
e iniciam o processo da digestão. Produzem secreções serosas diluídas, ou
secreções mucosas e espessas. As maiores de todas são as glândulas parótidas,
são glândulas serosas que produzem principalmente saliva aquosa e estão
localizadas anteriormente ao ouvido de cada lado da cabeça. Cada canal
parotídeo abre-se na margem anterior da glândula, atravessa a face lateral do
músculo masseter e penetra o músculo bucinador, entrando na cavidade oral junto
ao segundo molar superior. As glândulas submandibulares são mistas, com mais
alvéolos serosos do que mucosos. As glândulas sublinguais, as mais pequenas de
todas, são mistas e são constituídas por alvéolos mucosos. Estão localizadas
imediatamente abaixo da mucosa do pavimento bucal. A porção serosa da saliva
contém amilase salivar, uma enzima digestiva. A libertação de maltose e de isomaltose
dão ao amido um sabor doce na boca. Cozinhar e mastigar convenientemente os
alimentos destrói o revestimento de celulose, aumentando a eficiência do
processo digestivo. A saliva contém substâncias como a lisozima, com alguma
atividade antibacteriana, e a imunoglobulina A que combate infeções. As
secreções mucosas das glândulas submandibulares e sublinguais contêm uma grande
quantidade de mucina, um proteoglicano que confere propriedades lubrificantes
às secreções das glândulas salivares. Os núcleos salivares do tronco cerebral
aumentam a secreção salivar, emitindo potenciais de ação através das fibras
parassimpáticas dos nervos cranianos facial e glossofaríngeo em resposta a
diversos estímulos, estimulação táctil da cavidade oral ou certos sabores. Os
centros superiores também afetam a atividade das glândulas salivares. Odores
que levem a pensar em comida ou a sensações de fome, também aumentam a secreção
salivar.
Esófago As
paredes são espessas e compostas pelas quatro túnicas características do tubo
digestivo: mucosa, submucosa, muscular e adventícia. A túnica muscular tem uma
camada externa longitudinal e uma interna circular, tal como a maioria do tubo
digestivo; contudo, a parte superior do esófago é constituída por músculo
esquelético e a inferior por músculo liso. A entrada e saída de conteúdo do
esófago é controlada pelo esfíncter esofágico superior e inferior. A mucosa
esofágica é constituída por epitélio pavimentoso estratificado. Na submucosa
existem muitas glândulas mucosas que produzem um muco espesso, lubrificante,
que passa através de canais até à superfície da mucosa.
Deglutição Na
fase cefálica forma-se bolo
alimentar, empurrado (língua) contra palato duro, forçando progressão para a parte
posterior da boca e orofaringe. A fase faríngea
inicia-se com a estimulação dos recetores tácteis na área da orofaringe. Os
potenciais de ação conduzidos através dos nervos trigémio e glossofaríngeo até
ao centro da deglutição no tronco cerebral. Aí geram potenciais de ação nos
neurónios motores. Inicia-se com a elevação do palato mole, encerra comunicação
entre nasofaringe e orofaringe. A faringe eleva-se para receber bolo e
movimenta-o no sentido do esófago. Simultaneamente, o esfíncter esofágico
superior relaxa e a elevação da faringe abre o esófago. Esta fase da deglutição
é involuntária, tem controlo autónomo. As cordas vocais movem-se em direção
medial e a epiglote inclina-se, para que a cartilagem epiglótica cubra a
abertura da laringe. A fase esofágica
é responsável pela progressão dos alimentos da faringe para o estômago. As
contrações musculares das paredes do esófago geram ondas peristálticas. A
presença de alimentos no esófago estimula o plexo intramural, controla as ondas
peristálticas. Estimula recetores tácteis, enviam impulsos aferentes ao bulbo
raquidiano através do nervo vago. Impulsos motores são conduzidos através das
fibras vagais eferentes até à musculatura estriada e lisa do esófago,
estimulando a contração e reforçando as peristálticas.
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