sexta-feira, 12 de julho de 2013

Aparelho digestivo

 Tubo digestivo: É um tubo longo musculoso e membranoso que se estende da cavidade bucal até ao ânus, e  comunica com o exterior através da cavidade bucal e do ânus. É no seu interior que os alimentos são transformados  e assimilados.

 Glândulas Anexas: As glândulas anexas são formações cujos canais excretores se vão abrir no tubo digestivo.  Existem interparietais que se localizam na própria espessura da parede do tubo digestivo, ao longo do seu trajeto, e  extra parietais que se localizam fora da parede do tubo digestivo.

 Glândulas anexas:
·Glândulas Salivares
üParótidas
üSubmaxilares
üSublinguais
·Pâncreas
·Fígado
·Vesícula Biliar
Funções e processos do Aparelho Digestivo:
 Ingestão: Consiste na introdução de alimentos no estômago; Normalmente a ingestão é feita através da cavidade  bucal; Os alimentos podem ser introduzidos diretamente no estômago através de uma sonda nasogástrica ou gástrica;

 Mastigação: Processo pelo qual os alimentos introduzidos na boca são triturados pelos dentes; Para que as enzimas  possam atuar na superfície dos alimentos, e para um normal funcionamento digestivo é essencial que os alimentos  sólidos sejam fracionados mecanicamente, pois as enzimas não penetram com facilidade as partículas alimentares  sólidas; A mastigação fraciona os alimentos em partículas de menores dimensões;

 Propulsão: Consiste no movimento dos alimentos de um extremo ao outro do tubo digestivo; 
 Os alimentos demoram aproximadamente 24-36 horas a percorrer o tubo digestivo; Cada segmento do tubo digestivo  está especializado em promover o movimento do seu conteúdo da cavidade oral ao ânus;
·      Os tipos de movimentos:
ü Deglutição
ü Movimentos peristálticos ou Peristaltismo – Responsável pela progressão do conteúdo ao longo da maior parte  do tubo digestivo. As contrações musculares geram ondas peristálticas composta por uma onda de relaxamento dos  músculos circulares que geram uma onda de distensão que precede o bolo alimentar, e uma onda de contração muito  forte dos músculos circulares que se sucede ao bolo alimentar, obrigando à sua progressão ao longo do tubo digestivo.  Cada onda peristáltica percorre todo o esófago em 10 segundos, e no intestino delgado, as ondas têm percursos curtos.
ü Movimentos de massa – Contrações do intestino grosso que promovem movimentos do conteúdo maiores do que  nos movimentos peristálticos.

 Mistura:  Algumas contrações não propulsionam os alimentos (quimo), mas movimentam-se nos dois sentidos, de  modo a misturá-los com as secreções digestivas e fracioná-los em fragmentos menores. Também existem contrações  segmentares que ocorrem no intestino delgado.

 Secreção: Consiste na mistura dos alimentos nas secreções que lubrificam, liquefazem e digerem os alimentos.
·      As secreções são constituídas por:
ü Muco: Lubrifica os alimentos e a mucosa do tubo digestivo, reveste e protege as células epiteliais da abrasão mecânica, dos efeitos nocivos do ácido do estômago e das enzimas digestivas.
ü Água: Liquefaz os alimentos, tornando-os mais fáceis de digerir e absorver. A água penetra no intestino também por osmose.
ü Enzimas: Segregadas na cavidade oral, estômago, intestino e pâncreas que fracionam os alimentos em pequenas moléculas que podem ser absorvidas pela parede intestinal.

Digestão: Consiste no desdobramento das grandes moléculas orgânicas, glícidos em monossacáridos, proteínas em aminoácidos e triglicéridos em ácidos gordos e glicerol. Divide-se em digestão mecânica que envolve a mastigação e a mistura dos alimentos, e a digestão química é realizada pelas enzimas digestivas segregadas ao longo do tubo digestivo. As moléculas grandes necessitam de ser desdobradas para que os seus componentes possam ser absorvidos pelo tubo digestivo. As vitaminas, minerais e a água não são desdobrados nos seus componentes antes de serem absorvidos, pois a modificação da sua estrutura determina a perda da sua função.

Absorção: Movimento de moléculas do tubo digestivo para a circulação sanguínea ou linfática. O mecanismo de absorção depende do tipo de moléculas envolvidas. As moléculas movimentam-se por difusão simples, difusão facilitada, transporte ativo ou co-transporte.

Eliminação: É o processo através do qual os resíduos da digestão (catabolitos) são removidos do organismo. No intestino grosso a água e os sais são absorvidos o material líquido passa a semi-sólido. Estes resíduos semi-sólidos, as fezes, são eliminados pela defecação.

Mucosa: É a túnica mais interna, e é composta por três camadas:
    Epitélio mucoso interno (unicelular), estratificado pavimentoso na boca, orofaringe, esófago e canal anal e é cilíndrico simples no resto do tubo digestivo.
    Lâmina própria (multicelular), que é uma camada de tecido conjuntivo laxo.
    Mucosa muscular (multicelular no exterior do tubo digestivo), que é uma camada fina e externa de músculo liso.

Submucosa: Encontra abaixo da mucosa e é formada por uma camada espessa de tecido conjuntivo que contém nervos, vasos sanguíneos e pequenas glândulas.

Muscular: É constituída por um músculo liso que se dispõe uma camada interna circular e uma camada externa longitudinal. Constitui a parte superior do esófago onde o músculo é estriado, e no estômago existem três camadas de músculo liso. Entre as duas camadas desta túnica muscular encontra-se um outro plexo nervoso denominado plexo Mionentérico que é constituído por axónios e pericários diversos. Este plexo submucoso e mientérico formam o plexo intramural ou entérico, que desempenha um papel muito importante na regulação do movimento e da atividade secretora.

Serosa ou Adventícia: formada por uma camada de tecido conjuntivo denominada, consoante a sua estrutura. As porções do tubo digestivo que produzem para a cavidade peritoneal apresentam uma camada mais externa serosa que constitui o peritoneu visceral, uma fina camada de tecido conjuntivo e epitélio pavimentoso simples. Quando a camada mais externa tem origem do tecido conjuntivo adjacente é denominada de túnica Adventícia que consiste num revestimento de tecido conjuntivo que se junta com o tecido conjuntivo circundante.

Cavidade Bucal delimitada anteriormente pelos lábios, posteriormente pela fauce (orofaringe, garganta, e abertura para a faringe), lateralmente pela bochecha, superiormente pelo palato, e inferiormente por um pavimento muscular. Está dividida em duas regiões a primeira é o vestíbulo que é a entrada da boca e o espaço entre os lábios ou bochecha e os alvéolos dentários, a segunda região é a cavidade oral propriamente dita que se situa medialmente aos alvéolos dentários. A cavidade oral é revestida por espitélio pavimentoso estratificado que a protege de abrasão.

Dependências da Cavidade Bucal
Língua: É um grande órgão muscular e móvel que ocupa a maior parte da cavidade oral quando a boca está fechada, constituída por epitélio pavimentoso estratificado, um esqueleto osteo-fibroso (osso hióide, membrana glosso-hioideia e septo lingual), vários músculos e por uma mucosa de revestimento. Localiza-se entre as arcadas dentárias. Está ligada à cavidade oral pela parte posterior, a sua parte anterior é relativamente livre, estando ligada ao pavimento da boca por uma prega fina de tecido denominada de Freio. Os músculos da língua dividem-se em duas categorias: músculos intrínsecos contidos na língua o longitudinal, transverso e vertical que são os grandes responsáveis pelas mudanças de formas da língua, os músculos extrínsecos que estão externamente à língua mas ligados a ela como o genoglosso, hioglosso, estiloglosso e palatoglosso que permitem a protusão e retracção da língua, a sua movimentação lateral e modificações de forma. A língua divide-se em duas partes por um sulco designado de sulco terminal, a parte anterior ao sulco está coberta por papilas algumas das quais com recetores gustativos. O terço posterior da língua é desprovido de papilas, com apenas alguns terminais gustativos dispersos, tema ao invés pequenas glândulas e um grande
aglomerado de tecido linfóide, a amígdala lingual. A língua mistura os alimentos na boca em conjunto com os lábios e as gengivas e mantêm os alimentos posicionados durante a mastigação.

Dentes: A boca de indivíduo adulto têm 32 dentes, que estão distribuídos em duas arcadas dentarias uma maxilar e ou outra mandibular. A distribuição dos dentes é simétrica nas metades direita e esquerda de cada arcada, existindo quatro.
 Cada quadrante tem a seguinte composição: Um incisivo central e um lateral; Um canino; primeiro e segundo pré-  molares; primeiro, segundo e terceiro molares, dentes do siso.
Constituição dos dentes: coroa com uma ou mais cúspides, um colo, e uma raiz.
ü A coroa clínica corresponde à porção do dente visível na cavidade oral.
ü Coroa anatómica corresponde à porção do dente revestida por esmalte.
ü Cavidade pulpar encontra-se no interior do dente e é preenchido por com vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo, constituindo a pulpa, é circundada por tecido vivo, celular e calcificado a dentina.
ü Canal Radicular é a porção da cavidade que penetra na raiz.
ü buraco apical é o orifício por onde saem e penetram os vasos sanguíneos e os nervos.
ü A dentina da coroa do dente é revestida por uma substância dura, acelular e sem vida, o esmalte, que protege os dentes da abrasão e dos ácidos produzidos pelas bactérias da boca.
ü O cimento é uma substância celular semelhante ao osso que ajuda a fixar o dente ao maxilar e encontra-se envolvido na superfície da dentina.
ü Os dentes estão embutidos nos alvéolos ao longo dos processos da maxila e da mandíbula, cobertos por tecido conjuntivo fibroso denso e por epitélio pavimentoso estratificado, constituindo a gengiva. Os dentes estão ancorados nos alvéolos pelos ligamentos peridontais.
ü Os dentes desempenham um papel importante na mastigação e na fala

Lábios e Bochechas: lábios são pregas musculares formadas pelo músculo orbicular dos lábios e também uma camada submucosa constituída por tecido conjuntivo onde se encontram as glândulas labiais. A superfície externa dos lábios é coberta por pele. O epitélio queratinizado da pele no bordos dos lábios é bastante fino e não tão queratinizado quando o da pele circundante. Os vasos sanguíneos conferem aos lábios uma coloração dependendo da sua pigmentação. A margem interna é revestida por epitélio que continua com o epitélio pavimentoso estratificado da mucosa da cavidade oral. A partir dos alvéolos dentários, dos maxilares prolongam-se um ou mais freios que são pregas mucosas em direção aos lábios.
As bochechas formam as paredes laterais da cavidade oral e são constituídas por uma mucosa de epitélio pavimentoso estratificado e uma camada de pele, músculo bucinador que achata contra os dentes, e pela almofada adiposa da bochecha que faz arredondar o perfil da face.
Importantes nos processos de mastigação e fala, pois auxiliam a manipulação dos alimentos dentro da boca, mantendo-os posicionados enquanto os dentes os trituram.

Palato e Amígdalas Palatinas: consiste em duas partes uma óssea anterior designada palato duro e outra não óssea designada de palato mole ou véu palatino constituído por músculo-esquelético e tecido conjuntivo. A úvula é uma projeção do bordo posterior do palato mole. Importante no processo da deglutição impedindo a passagem dos alimentos para a cavidade nasal. As amígdalas palatinas estão localizadas nas paredes laterais da orofaringe, estão em número de duas e ocupam as fossas amigdalinas, apresentando a forma de amêndoas.

Principais funções da Cavidade oral
Mastigação Os alimentos introduzidos na boca são mastigados pelos dentes. A principal função dos dentes anteriores, os incisivos e os caninos é cortar e rasgar os alimentos, a função dos pré-molares e dos molares é esmagá-los e triturá-los. Durante o processo de mastigação os alimentos são fracionados, aumentando a sua superfície. O mascar envolve elevação da mandíbula e a excursão mediana e lateral da mandíbula. Os movimentos dos maxilares estão dependentes de quatro pares de músculos que são os temporais, os masseteres, pterigoideus internos que cerram os maxilares e os pterigoideus externos que abrem os maxilares. A protusão e o deslocamento lateral do maxilar inferior são realizados pela ação dos músculos pterigoideus internos e externos e pelos masseteres, a retração é realizada pelos temporais.
Os movimentos da mastigação são controlados por um reflexo bulbar. A presença de alimentos na boca estimula os recetores sensoriais que ativam o relaxamento dos músculos da mastigação. Quando se dá o abaixamento do maxilar inferior há estiramento dos músculos o que desencadeia um reflexo que provoca a contração dos músculos da mastigação. As vias ascendentes do cérebro influenciam bastante a atividade do reflexo da mastigação que esta pode ser iniciada ou cessada voluntariamente.

Faringe É um órgão músculo-membranoso, que se estende verticalmente adiante da coluna cervical, atrás das fossas nasais, da cavidade bucal e da laringe, continuando-se depois com o esófago. A faringe pertence simultaneamente às vias aéreas e às vias digestivas e é constituída pela nasofaringe, orofaringe, laringofaringe. É constituída pela mucosa, pela aponevrosa faríngea, pelos músculos da faringe e pela aponevrose perifaríngea. As partes constituintes da faringe que pertencem ao aparelho digestivo são a orofaringe e a laringofaringe porque normalmente os alimentos só passam por estas duas partes. A orofaringe comunica superiormente com a nasofaringe e inferiormente com a laringe e laringofaringe e anteriormente com a boca. A laringofaringe estende-se da orofaringe ao esófago e é posterior à laringe. As paredes posteriores da orofaringe e da laringofaringe são constituídas por três músculos os constritores da faringe superior, médio e inferior que encaixam uns nos outros como três vasos de flores empilhados. A orofaringe e laringofaringe estão revestidas por epitélio pavimentoso estratificado e a nasofaringe por epitélio cilíndrico ciliado pseudostratificado.

Glândulas salivares Há três pares de grandes glândulas multicelulares: as parótidas, as submandibulares e as sublinguais. Para além destes grandes agregados de tecido glandular, existem muitas glândulas tubulares enoveladas localizadas abaixo do epitélio da língua (glândulas linguais), do palato (glândulas palatinas), região jugal (glândulas bucais) e lábios (glândulas labiais). As secreções destas glândulas ajudam a manter a cavidade oral húmida e iniciam o processo da digestão. Produzem secreções serosas diluídas, ou secreções mucosas e espessas. As maiores de todas são as glândulas parótidas, são glândulas serosas que produzem principalmente saliva aquosa e estão localizadas anteriormente ao ouvido de cada lado da cabeça. Cada canal parotídeo abre-se na margem anterior da glândula, atravessa a face lateral do músculo masseter e penetra o músculo bucinador, entrando na cavidade oral junto ao segundo molar superior. As glândulas submandibulares são mistas, com mais alvéolos serosos do que mucosos. As glândulas sublinguais, as mais pequenas de todas, são mistas e são constituídas por alvéolos mucosos. Estão localizadas imediatamente abaixo da mucosa do pavimento bucal. A porção serosa da saliva contém amilase salivar, uma enzima digestiva. A libertação de maltose e de isomaltose dão ao amido um sabor doce na boca. Cozinhar e mastigar convenientemente os alimentos destrói o revestimento de celulose, aumentando a eficiência do processo digestivo. A saliva contém substâncias como a lisozima, com alguma atividade antibacteriana, e a imunoglobulina A que combate infeções. As secreções mucosas das glândulas submandibulares e sublinguais contêm uma grande quantidade de mucina, um proteoglicano que confere propriedades lubrificantes às secreções das glândulas salivares. Os núcleos salivares do tronco cerebral aumentam a secreção salivar, emitindo potenciais de ação através das fibras parassimpáticas dos nervos cranianos facial e glossofaríngeo em resposta a diversos estímulos, estimulação táctil da cavidade oral ou certos sabores. Os centros superiores também afetam a atividade das glândulas salivares. Odores que levem a pensar em comida ou a sensações de fome, também aumentam a secreção salivar.

Esófago As paredes são espessas e compostas pelas quatro túnicas características do tubo digestivo: mucosa, submucosa, muscular e adventícia. A túnica muscular tem uma camada externa longitudinal e uma interna circular, tal como a maioria do tubo digestivo; contudo, a parte superior do esófago é constituída por músculo esquelético e a inferior por músculo liso. A entrada e saída de conteúdo do esófago é controlada pelo esfíncter esofágico superior e inferior. A mucosa esofágica é constituída por epitélio pavimentoso estratificado. Na submucosa existem muitas glândulas mucosas que produzem um muco espesso, lubrificante, que passa através de canais até à superfície da mucosa.


Deglutição Na fase cefálica forma-se bolo alimentar, empurrado (língua) contra palato duro, forçando progressão para a parte posterior da boca e orofaringe. A fase faríngea inicia-se com a estimulação dos recetores tácteis na área da orofaringe. Os potenciais de ação conduzidos através dos nervos trigémio e glossofaríngeo até ao centro da deglutição no tronco cerebral. Aí geram potenciais de ação nos neurónios motores. Inicia-se com a elevação do palato mole, encerra comunicação entre nasofaringe e orofaringe. A faringe eleva-se para receber bolo e movimenta-o no sentido do esófago. Simultaneamente, o esfíncter esofágico superior relaxa e a elevação da faringe abre o esófago. Esta fase da deglutição é involuntária, tem controlo autónomo. As cordas vocais movem-se em direção medial e a epiglote inclina-se, para que a cartilagem epiglótica cubra a abertura da laringe. A fase esofágica é responsável pela progressão dos alimentos da faringe para o estômago. As contrações musculares das paredes do esófago geram ondas peristálticas. A presença de alimentos no esófago estimula o plexo intramural, controla as ondas peristálticas. Estimula recetores tácteis, enviam impulsos aferentes ao bulbo raquidiano através do nervo vago. Impulsos motores são conduzidos através das fibras vagais eferentes até à musculatura estriada e lisa do esófago, estimulando a contração e reforçando as peristálticas.