quarta-feira, 29 de maio de 2013

A morte e o morrer…

“É certo que morrer nunca foi verdadeiramente fácil, mas as
sociedades tradicionais tinham o costume de rodear o
moribundo e de receber as suas comunicações até ao último
suspiro. Hoje, nos hospitais e clínicas, principalmente já não se
comunica com o moribundo. Ele já não é escutado como um ser
racional; é apenas observado como objecto clínico, isolado
quando possível, como um mau exemplo, e tratado como uma
criança irresponsável cuja palavra não tem sentido nem
autoridade. Ele beneficia sem dúvida duma assistência clínica
mais eficiente do que a companhia fatigante de parentes e
vizinhos. Converteu-se, porem, ainda que bem tratado e
conservado muito tempo, numa coisa solitária e humilhada.
A morte recuou e trocou a casa pelo hospital: está
ausente do mundo familiar do dia-a-dia. O homem de
hoje, em consequência de não a ver suficientes vezes e
de perto, esqueceu-a: ela tornou-se selvagem e, a
despeito do aparelho cientifico que a envolve, perturba
mais o hospital, lugar de razão e de técnica, do que o
quarto da casa, sede dos hábitos da vida quotidiana.”
(Ariès)

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Principais Conceitos



Conceito de Pessoa:
Virgínia Henderson definia pessoa como um ser humano que é composto por uma componente biológica, psicológica, social, cultural e espiritual. Esta via o doente como um indivíduo que precisa de assistência para obter saúde e independência ou a morte pacífica. Considera que o corpo e a mente são inseparáveis e que o doente e a sua família são vistos como uma unidade. Refere-se aos humanos como um todo completo (visão holística) possuidor de necessidades básicas incluídas nas catorze componentes, pelo que essas necessidades são satisfeitas de forma individual, sem que se repita de pessoa para pessoa.
É vista como sujeito activo responsável pela sua própria saúde, que participa nas decisões e no alcance das suas metas.
Conceito de Saúde:
Henderson não apresentou a sua definição de saúde. Mas nos seus escritos, equiparou saúde a independência. Via a saúde no que concerne a capacidade do doente desempenhar as 14 componentes dos cuidados de enfermagem, sem auxílio. Ela diz que “é a qualidade da saúde e não a própria vida, a margem de vigor mental/físico que permite a uma pessoa trabalhar com maior eficácia e obter o nível de satisfação potencial mais elevado na vida”.
Conceito de Ambiente:
Henderson utilizou, para definir ambiente, o Webster’s New Collegiate Dictionary, de 1961. Neste, ambiente está definido como “o agregado de todas as condições e influencias externas que afectam a vida e o desenvolvimento de um organismo”.

Conceito de Cuidar:
É auxiliar a pessoa, doente ou saudável, na satisfação das necessidades humanas de manutenção de saúde, recuperação da doença ou de assistência para uma morte pacífica, que tem em conta uma série de factores como os princípios fisiológicos, a idade, os antecedentes culturais, o equilíbrio emocional e a capacidade física e intelectual.
Esta assistência é prestada quando a pessoa não consegue realizar as actividades por si só, devido à ausência de força, à falta de vontade e à falta de conhecimentos afim de conservar ou de restabelecer a sua independência na satisfação das necessidades humanas fundamentais.
Pressupõe a realização do tratamento prescrito pelo médico.
É encarado como uma acção que a enfermeira leva a cabo no desenvolvimento da sua função específica, actuando segundo critérios de ajuda segundo o nível de dependência identificado na pessoa.
É o aspecto central do trabalho, da função da enfermeira. É esta que inicia e controla e em que é dona da situação.
Cuidados preventivos – prevenção primária
Cuidados curativos – prevenção secundária
Cuidados de reabilitação – prevenção treceária.

Níveis de intervenção:
Prevenção primária – Manutenção e promoção da saúde e prevenção da doença
·         Objectivo:
- Sensibilizar os indivíduos para a importância da saúde
- Responsabilizar os indivíduos para a sua manutenção
- Informar os indivíduos dos perigos existentes, dos meios existentes para conservar um estado óptimo de bem-estar físico, emotivo e mental.

Conceito de Enfermagem:
Henderson definiu a enfermagem em termos funcionais. Afirmou que:
“A única função da enfermeira é assistir o indivíduo, doente ou saudável, no desempenho das actividades que contribuem para a saúde ou para a sua recuperação (ou para a morte pacifica) que executaria sem auxílio, caso tivesse força, a vontade e os conhecimentos necessários. E fazê-lo de modo a ajudá-lo a conseguir a independência tão rapidamente quanto possível”.

Conceito de Homeostasia:
É um estado de equilíbrio e de auto-regulação que se instala entre os distintos processos fisiológicos da pessoa. Este conceito aplica-se também aos aspectos psicofisiológicos.

Conceito de Independência:
Consiste em alcançar um nível aceitável de satisfação nas suas necessidades, por meio de acções apropriadas realizadas por si mesmo, sem ajuda de outra pessoa.

Conceito de Dependência:
Incapacidade do sujeito para adoptar comportamentos ou realizar por si: mesmo sem ajuda de outro, acções que lhe permitam alcançar um nível aceitável de satisfação das suas necessidades.

terça-feira, 7 de maio de 2013

ESEAR


No ano de 1952, o Curso de Enfermagem Geral foi reformulado, passando de dois parar três anos. Manteve-se o Curso de Auxiliares de Enfermagem, com a duração de um ano. Criou-se o Curso de Enfermagem Complementar, que se destinava a enfermeiros que exerciam funções de chefia e a monitores de escolas de Enfermagem. A realização de estudos de caso e relatórios representaram as primeiras tentativas de definição e sistematização dos cuidados de enfermagem, e refletem o interesse em basear as ações na análise da história do doente, com o objetivo de orientar os alunos nos cuidados com o mesmo. Resulta também uma preocupação de um ensino não apenas centrado no diagnóstico médico.
No Curso de Enfermagem Geral enfatizou-se o saber fazer. Dava uma formação que seria reconhecida em qualquer área de enfermagem de base e em qualquer dos níveis preventivo, curativo e de reabilitação. Estes alunos estariam preparados para trabalhar na área hospitalar e de saúde pública. O conceito de doença foi substituído pelo de saúde. Contribuiu para uma aproximação ao modelo holístico hoje utilizado.
Na reforma de 1976 extinguiu-se o Curso de Auxiliares de Enfermagem, e criou-se um único Curso de Enfermagem de 3 anos, com o objetivo de dar uma formação básica polivalente, preparar os enfermeiros para atuarem como agentes da transformação da realidade atual e não apenas enquadrarem-se nela. Deu-se grande ênfase às ciências da saúde, e integração dos conceitos de saúde mental e de saúde comunitária, de pedagogia, de gestão e de investigação.
Na reforma de 1987 foi aprovado um outro plano de estudos que integra alguns princípios e orientações metodológicas semelhantes aos do ensino superior. Durante o período de 1988 a 2007 assiste-se a toda uma evolução no ensino da Enfermagem em Portugal, como resposta à necessidade de elevação da qualidade do mesmo a padrões internacionais e, mais especificamente, europeus.
O primeiro passo foi o estabelecimento do 12º ano como condição preferencial de acesso ao mesmo, medida aprovada ainda em 1985. O Decreto-lei nº 480/88 de 23 de Dezembro oficializa então a definitiva integração do ensino de Enfermagem no sistema de ensino nacional, a nível do ensino superior politécnico. Como consequência direta, a Escola de Enfermagem de Artur Ravara (EEAR) passa a denominar-se Escola Superior de Enfermagem de Artur Ravara (ESEAR).
A 17 de Março de 1990 dá-se a regulamentação do curso de Bacharelato em Enfermagem que define a estrutura do curso e um mês depois é aprovado o plano de estudos proposto pela Escola. Este terá a duração de 3 anos, englobando as componentes teórica e prática. O objetivo geral do curso era o de formar enfermeiros que adquirissem e demonstrassem múltiplas capacidades. Entre essas competências destacam-se a gestão em enfermagem, o acompanhamento do progresso científico característico da profissão, o desenvolvimento de consciência profissional e a capacidade de prestação de cuidados globalizados de enfermagem, sendo estes não só dirigidos ao indivíduo, mas também à família e comunidade. O passo evolutivo seguinte deu-se após a regulamentação dos Cursos de Estudos Superiores Especializados (CESE), em 1994. Um ano depois, são adicionados à oferta formativa da Escola dois desses cursos, que conferiam o grau de licenciatura e diploma de especialização em Enfermagem. O primeiro destes cursos a ser ministrado foi o CESE em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, em 1995. A este seguiu-se o CESE em Enfermagem ao Indivíduo Adulto e Idoso em Situação de Doença Crónica, iniciado no ano de 1997. Em 1999 é reconhecida a criação do Curso de Licenciatura em Enfermagem, como resultado de um processo de reestruturação que uniformizou o plano de estudos do curso de Bacharel e dos CESE’s, dando origem a um curso de 4 anos menos centrado no ciclo de vida familiar. A história da ESEAR como organização independente termina com a integração na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL), onde passa a existir como pólo da mesma. A fusão que deu origem à ESEL ocorreu em 2007.
Após a reforma de 1952 há provas da vida associativa dos alunos. Uma dessas provas, encontrada no Centro de Documentação da ESEAR, É o boletim mensal chamada Vírus Ravara onde eram publicados artigos ligados á vida na Escola e a atividades culturais e sociais.
Atualmente a ESEAR deixou de existir como escola e passou a ser um pólo integrante da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL), a qual resultou da junção das quatro escolas públicas de Lisboa.